quarta-feira, 12 de junho de 2013

"Porque, toda razão, toda palavra, vale nada quando chega o amor..."



 Amores
A impermanência - Anna Sharp



Um dos segredos de uma relação ou mesmo do viver bem, é encarar a verdade da IMPERMANÊNCIA de tudo na vida.
É comum as pessoas encararem uma amizade, um namoro ou um casamento, com a ideia de "até que a morte nos separe".
Isso é uma irrealidade ou mesmo uma loucura; o peso do compromisso transforma a relação em obrigação ou até mesmo prisão.
Inevitavelmente virão as cobranças, seguidas de culpa e agressões. O início do rompimento.

Normalmente, tomamos um imenso cuidado com nossos objetos de valor, como peças queridas que nos trazem recordações, com roupas, vasos de plantas ou nossos animais domésticos.
O que acontece com nossas relações? Nossos entes queridos?

Encaramo-los como algo definitivo; como se fosse possível uma jura de amor, ou um compromisso diante de um juiz ou de um altar, ser eterno ou mesmo durar por toda uma vida porque assim o planejamos.
Não apenas descuidamos, como na maioria das vezes os transformamos em alvo predileto para as descargas emocionais advindas de nossas frustrações pessoais.
Atuamos como se o outro tivesse responsabilidade ou obrigação de nos dar vida ou fazer feliz.

Normalmente sabemos de tudo intelectualmente mas a ação é inteiramente oposta e irracional.
Se encararmos uma relação com a verdadeira fragilidade oculta atrás dos discursos, saberemos alimentá-la constantemente através de nossos atos e com o cuidado necessário em nossas palavras, normalmente desferidas como punhais mutiladores.
Não nos damos conta de que a palavra é uma arma de enorme poder. Pode construir e destruir com a mesma facilidade; dá a vida e a morte...
Quase sempre a relação está desfeita muito antes de percebermos. A surpresa da constatação, quando já é tarde demais produz um enorme choque, trazendo cobranças, amarguras e ressentimentos, levando à doenças e muitas vezes à morte.

O pior é que projetamos nossas frustrações numa nova relação (abortada prematuramente sem percebermos) na ilusão de que "Esse sim é diferente!"
O que poderia evitar esse desfecho seria a "nossa" mudança de comportamento ao invés de exigirmos a do "outro".
É comum ouvirmos:
- Estou desiludida (o): os homens (mulheres) não prestam!
- São todos (as) iguais!
- O amor faz sofrer!
- Tenho medo de me entregar!
- Não confio...
Como se fosse possível viver e ser feliz sem amar...!

Estamos no tempo integral de nossas vidas buscando o amor como se busca o sol, a fonte da vida.
Encontrar esse amor dentro de si próprio é o que torna possível o "compartilhar".
IMPOSSÍVEL DARMOS O QUE NÃO TEMOS.

Para haver uma relação duradoura e satisfatória é preciso ter, como um primeiro passo, a consciência da fragilidade e da "impermanência" de tudo o que nos cerca.
É necessária a alimentação constante através de atos de desapego e doação (sem cobranças) das pequeninas coisas, não apenas das grandes.
Infelizmente a lei natural é a de que tudo o que fizemos (ou recebemos) de bom, é imediatamente esquecido através de apenas "um" ato mal compreendido ou impensado.

Precisamos saber que o outro é tão frágil e carente quanto nós mesmos, apesar da aparência diversa, e está buscando exatamente a mesma coisa: abastecer sua carência, preencher o seu vazio interior, diminuir seu "desamor".
Amar não é contabilizar e sim estar consciente desse amor, do contrário não é real.
Para colher é preciso plantar... e cuidar!
ANNA SHARP

0 comentários: